"Existe aí algum remedinho para não-sentir? Existe alguma terapia, acupuntura, pedras, cores e aromas para me calar a alma e deixar mudo o pensamento? Quer saber? Existe. Existe e eu preciso. Preciso e não quero."




terça-feira, 16 de março de 2010

Se você não vier tarde demais, posso te esperar por toda a minha vida...

A verdade é que ela preservou o sentimento que tinha por ele por muitos anos, mesmo sendo feliz.
Era um amor de estimação.
Até que esse amor, tão sem ressonância, tão sem retribuição, tão sem aditivos, um dia evaporou. Perdeu o prazo de validade. Expirou.

Dia desses esta mulher recebeu um telefonema. Era ele: "Oi, tudo bom?" Trivialidades...
Ela perguntou: "o que você conta?"
Ele respondeu que estava ligando para dizer uma única coisa: "eu te amo." Corta. Não teve happy end.
Ela agradeceu o telefonema, desligaram e ambos seguiram suas vidas.

Ela sentia felicidade e desilusão ao mesmo tempo.
Felicidade, logicamente, por ter deixado marcas profundas no coração dele: nem em sonhos ela imaginou que ele também tivesse levado esse sentimento tão adiante.
E a tristeza veio da falta de ressonância, mais uma vez.
Por que a demora? Por que a falta de sincronia? Como teria sido se ele houvesse dito isso antes?
Agora já não adiantava.

A beleza e a tristeza da vida podem estar em situações como esta: descobrir, tarde demais, que se ama uma pessoa.
As vezes pode parecer que o que você sente é um amor morno e sem graça, e que se acabar, tanto faz; e só daqui a muitos anos descobrir que nada era mais forte e raro do que este sentimento. Mas poderá ser tarde demais...

Não permita que isso aconteça.
Tarde demais é uma expressão cruel.
Tarde demais é uma hora morta.
Tarde demais é longe à beça.
Não é lá que devemos deixar florescer nossas descobertas.

Um comentário:

XXXLL disse...

Realmente enorme post que traz uma grande lição de vida...

Durante a vida sentimos que às vezes é tarde mas mesmo tarde demais, tarde para tentar mais uma vez com outro rumo, tarde para voltar atrás(o passado não volta atrás por muito que se queira) e ai quando se cai na realidade que já não há mais nada a fazer ou conversar, o sentimento de impotência que nos assola a alma, é no fundo o sentimento de mais uma derrota.

Existe um poema de uma escritora portuguesa que gostava de partilhar:

Tarde de mais...

Quando chegaste enfim, para te ver
Abriu-se a noite em mágico luar;
E pra o som de teus passos conhecer
Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar…

Chegaste enfim! Milagre de endoidar!
Viu-se nessa hora o que não pode ser:
Em plena noite, a noite iluminar;
E as pedras do caminho florescer!

Beijando a areia d’oiro dos desertos
Procura-te em vão! Braços abertos,
Pés nus, olhos a rir, a boca em flor!

E há cem anos que eu fui nova e linda!…
E a minha boca grita ainda:
“Por que chegaste tarde, Ó meu Amor?!…”
Florbela Espanca

Acredito que consegue expressar bem toda a tristeza toda a desilusão perante algo que é irreversível...

Mais uma vez digo enorme post mas deixa um travo amargo de tristeza perante tamanha impotência e irreversibilidade, resta-nos a certeza que cada vez que uma porta se fecha uma janela abre-se e amanhã é sempre outro dia, pois todos sabemos (ou vamos ainda aprender) que a vida é feita de encontros e desencontros...

Bjs!

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