
Era um amor de estimação.
Até que esse amor, tão sem ressonância, tão sem retribuição, tão sem aditivos, um dia evaporou. Perdeu o prazo de validade. Expirou.
Dia desses esta mulher recebeu um telefonema. Era ele: "Oi, tudo bom?" Trivialidades...
Ela perguntou: "o que você conta?"
Ele respondeu que estava ligando para dizer uma única coisa: "eu te amo." Corta. Não teve happy end.
Ela agradeceu o telefonema, desligaram e ambos seguiram suas vidas.
Ela sentia felicidade e desilusão ao mesmo tempo.
Felicidade, logicamente, por ter deixado marcas profundas no coração dele: nem em sonhos ela imaginou que ele também tivesse levado esse sentimento tão adiante.
E a tristeza veio da falta de ressonância, mais uma vez.
Por que a demora? Por que a falta de sincronia? Como teria sido se ele houvesse dito isso antes?
Agora já não adiantava.
A beleza e a tristeza da vida podem estar em situações como esta: descobrir, tarde demais, que se ama uma pessoa.
As vezes pode parecer que o que você sente é um amor morno e sem graça, e que se acabar, tanto faz; e só daqui a muitos anos descobrir que nada era mais forte e raro do que este sentimento. Mas poderá ser tarde demais...
Não permita que isso aconteça.
Tarde demais é uma expressão cruel.
Tarde demais é uma hora morta.
Tarde demais é longe à beça.
Não é lá que devemos deixar florescer nossas descobertas.
Um comentário:
Realmente enorme post que traz uma grande lição de vida...
Durante a vida sentimos que às vezes é tarde mas mesmo tarde demais, tarde para tentar mais uma vez com outro rumo, tarde para voltar atrás(o passado não volta atrás por muito que se queira) e ai quando se cai na realidade que já não há mais nada a fazer ou conversar, o sentimento de impotência que nos assola a alma, é no fundo o sentimento de mais uma derrota.
Existe um poema de uma escritora portuguesa que gostava de partilhar:
Tarde de mais...
Quando chegaste enfim, para te ver
Abriu-se a noite em mágico luar;
E pra o som de teus passos conhecer
Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar…
Chegaste enfim! Milagre de endoidar!
Viu-se nessa hora o que não pode ser:
Em plena noite, a noite iluminar;
E as pedras do caminho florescer!
Beijando a areia d’oiro dos desertos
Procura-te em vão! Braços abertos,
Pés nus, olhos a rir, a boca em flor!
E há cem anos que eu fui nova e linda!…
E a minha boca grita ainda:
“Por que chegaste tarde, Ó meu Amor?!…”
Florbela Espanca
Acredito que consegue expressar bem toda a tristeza toda a desilusão perante algo que é irreversível...
Mais uma vez digo enorme post mas deixa um travo amargo de tristeza perante tamanha impotência e irreversibilidade, resta-nos a certeza que cada vez que uma porta se fecha uma janela abre-se e amanhã é sempre outro dia, pois todos sabemos (ou vamos ainda aprender) que a vida é feita de encontros e desencontros...
Bjs!
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